Será que eu tenho TDAH?
- Sara Carvalho
- 14 de jul. de 2022
- 3 min de leitura

O TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) é um transtorno do neurodesenvolvimento, ou seja, ele já se manifesta num primeiro momento da infância através de um padrão de desatenção, hiperatividade e/ou impulsividade.
Muita gente acha que o TDAH é um transtorno da infância, no entanto, estudos mostram que os sintomas podem se fazer presentes ao longo de toda uma vida.
O cérebro de uma pessoa com TDAH é anatomicamente e fisiologicamente diferente havendo um funcionamento diminuído das regiões do córtex pré-frontal. Ou seja, o padrão de vascularização (suprimento sanguíneo) e também de onda cerebral (impulso nervoso) é diferente em pessoas que têm TDAH.
Não é preguiça, não é desleixo, não é má vontade! Existe um cérebro atípico responsável por um padrão de comportamento que muitas vezes se torna indesejável socialmente.
Ao contrário do que muita gente pensa (e o nome do transtorno nos leva a vê-lo de forma limitada), o TDAH não é somente desatenção e/ou hiperatividade. Vários sintomas podem ser observados no dia-a-dia de quem tem este transtorno. Selecionei abaixo alguns aspectos importantes que podem ajudar você a identificar se possui ou não o TDAH, mas saliento, procure ajuda especializada (Avaliação Neuropsicológica ou Médica com Psiquiatra ou Neurologista).
Vamos lá para os sintomas então:
Gerenciamento do Tempo: dificuldade em dimensionar o tempo para executar as tarefas. Podem ocorrer atrasos frequentes, perda de prazos e dificuldade em priorizar tarefas de acordo com o tempo de execução.
Organização: dificuldade de planejamento das atividades e tarefas, mudar a rota da programação ou rever um planejamento prévio quando necessário. Dificuldade de se organizar diante de imprevistos. Isto pode inclusive gerar um aumento nos níveis de ansiedade e na frustração da pessoa. Pensamentos e sentimentos de impotência e incapacidade podem surgir. Esta dificuldade de organização pode causar grande prejuízo especialmente na organização da casa, cuidados com a saúde, alimentação, dentre outros.
Autocontrole: dificuldade em conter seus impulsos, pensar antes de agir ou falar. Dificuldade em redirecionar o comportamento diante de uma situação para atingir um objetivo. Pessoas com TDAH podem se envolver em discussões desnecessárias, falar abertamente seus pontos de vista sem mensurar as consequências ou interromper outras durante uma conversação, por exemplo.
Motivação: dificuldade em sustentar (manter) um conjunto de ações para atingir um objetivo. Desta forma, pessoas com TDAH podem migrar de uma tarefa para outra e se entediar muito fácil de algo. Também podem perder facilmente a vontade de fazer algo que não seja do seu interesse. Podem ser menos disciplinadas e apresentar prejuízo em várias áreas da vida, como por exemplo a vida acadêmica e profissional.
Regulação emocional: grande dificuldade em inibir emoções fortes. Uma frustração, algo que não deu certo ou uma discussão por exemplo, podem gerar reações emocionais exacerbadas em pessoas que têm TDAH. Importante salientar o quanto esta dificuldade se encadeia com as demais e piora ainda mais a organização, gerenciamento do tempo e motivação para as tarefas, por exemplo. Uma gota pode virar uma tempestade e desorganizar totalmente o dia de uma pessoa com TDAH. Depois geralmente surge um grande sentimento de culpa e inadequação.
Esquecimentos: os esquecimentos normalmente ocorrem por uma dificuldade de evocação (lembrar-se de algo). A memória está preservada, mas não vem à consciência. Isto acontece também em virtude do quadro neurológico. Esquecer o nome de pessoas, onde guardou as chaves, lembrar-se o que foi buscar num cômodo da casa, saber o que estava fazendo imediatamente antes de mudar o foco, esquecer de anotar compromissos importantes, etc. Estes são apenas alguns exemplos dos esquecimentos…
É… não é nada fácil viver com este transtorno ou com alguém que o tenha…
É importante salientar, que o prejuízo pode não ser tão evidente para outras pessoas. Muitos TDAHs são ótimos em mascarar seus sintomas socialmente, sofrem em silêncio e adquirem o que chamamos de comorbidades (condições associadas) como ansiedade e depressão, por exemplo. Se acostumam ao longo da vida com rótulos: lerdo, resmungão, tagarela, preguiçoso, desleixado, … e por aí vai!
Por isso, é extremamente importante o tratamento adequado com um psicólogo/psicoterapeuta e um médico especializado (neurologista ou psiquiatra). Existem outros tratamentos que também podem ajudar, como por exemplo, a estimulação cognitiva e o Neurofeedback.
Ficou com alguma dúvida? Entre em contato e agende sua consulta. Será um prazer ajudar você!
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